A trapoeraba (Commelina spp.) é uma planta nativa da América do Sul. Apesar de na agricultura ser considerada uma planta daninha, outros segmentos de mercado permitem utilizá-la como PANC (Planta Alimentícia Não Convencional) e planta medicinal.
Esta planta daninha pode ser encontrada em várias regiões brasileiras. Dependendo do local, ela pode ser chamada por diversos nomes-comuns, como tracoeraba, trapoerava, olho de Santa Luzia, rabo de cachorro, mata Brasil etc.
Principais características das trapoerabas
A trapoeraba é uma planta daninha anual e pode alcançar até 40 cm de altura. No campo, ela é facilmente identificada pela sua distinta coloração, ou seja, as folhas e os caules são roxos, ao passo que as flores apresentam coloração rosa, roxa ou azul. As diferentes tonalidades variam conforme as diferentes espécies.
Além disso, a trapoeraba tem preferência por locais com solos encharcados e ricos nutricionalmente. Entretanto, ela pode resistir a longos períodos de seca, caso segmentos das suas ramificações sejam deixados no solo.
Desta forma, a trapoeraba permanece em estado de “dormência” até que as condições ambientais se tornem favoráveis ao seu desenvolvimento, período em que ela rebrotará. E consequentemente, dará origem a novas plantas.
Espécies de trapoerabas mais comuns nas lavouras brasileiras
O Brasil tem relato de algumas espécies de trapoeraba, as quais são bastante confundidas entre si, devido a sua alta similaridade morfológica. Sendo assim, é possível que diferentes espécies possam infestar uma lavoura ao mesmo tempo.
As espécies de trapoerabas mais comuns nas lavouras brasileiras são:
- Commelina benghalensis
- Commelina diffusa
- Commelina erecta
- Commelina nudiflora
- Commelina villosa
- Commelina virginica
Commelina benghalensis | Commelina diffusa | Commelina erecta |
Commelina nudiflora | Commelina virginica |
Neste sentido, a identificação das espécies presentes em uma área é essencial para a tomada de decisão. Pois, influenciará no tipo de manejo adotado para o seu controle.
Espécies de trapoeraba identificadas erroneamente acarretam dificuldades no controle utilizando herbicidas químicos. Uma vez que, cada espécie possui comportamento diferenciado em resposta aos herbicidas.
Dentre as espécies citadas anteriormente, a Commelina benghalensis é a mais importante, pois é a mais distribuída em todo o mundo. Entretanto, não se pode negligenciar as outras espécies, que causam prejuízos econômicos em diversas culturas agrícolas em nível nacional, como soja, milho, citros, café, entre outras.
Danos causados pela trapoerabas
De modo generalizado, as plantas daninhas causam danos as culturas principais através da interferência. O processo de interferência pode ocorrer de duas formas:
- Interferência direta: ocorrem devido a competição entre plantas daninhas e a cultura principal por recursos necessários ao desenvolvimento (água, luz e nutrientes). Além de, alelopatia e parasitismo, podendo atrapalhar também as operações de colheita e tratos culturais.
- Interferência indireta: pode acontecer de várias formas, mas principalmente, quando as plantas daninhas atuam como hospedeiras alternativas de pragas e doenças.
Sendo assim, para a trapoeraba este cenário não é diferente. Existem diversos relatos na literatura científica do potencial de interferência causado pelas diferentes espécies desta planta em culturas de interesse agrícola. Dentre os quais, podemos citar:
- A inibição por alelopatia de C. benghalensis, sobre a germinação de sementes de soja.
- A capacidade de C. benghalensis para servir como fonte de inóculo para o vírus da leprose dos citros.
- Habilidade para servir como hospedeira intermediária de nematoides (Meloidogyne incognita).
- Interferência causada pelas espécies C. benghalensis e C. erecta no desenvolvimento de mudas de café. Neste caso, a trapoeraba retardou o desenvolvimento do diâmetro do caule, número de folhas, altura e peso da biomassa seca aérea e radicular.
Trapoeraba em áreas de produção de sementes
Como você pode perceber, existem diversos relatos sobre os danos causados pelas trapoerabas nas mais diferentes culturas agrícolas. Este cenário se agrava ainda mais devido a possibilidade de perenização da trapoeraba em áreas não manejadas.
Nas áreas destinadas a produção de sementes, especialmente, de pastagens como a Brachiaria spp., a trapoeraba se torna uma verdadeira dor de cabeça. Isto ocorre em função da semelhança entre as sementes de trapoeraba e as sementes de braquiária.
Durante o beneficiamento das sementes de Brachiaria spp. na UBS, os métodos convencionais que promovem a separação das sementes das impurezas não são eficientes para separar as sementes de braquiária das sementes de trapoeraba.
Por isso, quando o volume de contaminação das sementes de braquiária com trapoeraba é muito alto, os lotes destas sementes não podem ser comercializados.
Desta forma, a melhor saída é manejar de forma definitiva estas plantas daninhas das lavouras, seja ela destinada a produção de sementes, de grãos, frutos etc.