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Não é possível educar as crianças com equilíbrio, se você não se lembra como é ser uma criança. Quando for orientar os seus filhos, lembre-se como é pensar e sentir como uma criança pensa e sente. Não os obrigue a entender que precisam cumprir responsabilidades hoje APENAS para se prepararem para cumprir com demandas que aparecerão na vida adulta. Essa é uma meta muito distante para as crianças. Elas não imaginam o que é ser adulto.
Ensine-os a cumprir as suas metas pelo desafio de se superar, de vencer, de aprender cada vez mais NO PRESENTE... Ensine-os que o aprendizado da escola pode ter sentido pra eles hoje, não apenas amanhã. O aprendizado pode fazer parte de suas brincadeiras e pode aumentar a percepção que elas têm do mundo. Toda criança gosta de aprender coisas novas.
É isso que instiga uma criança... são as novas descobertas. O problema do nosso ensino é que ele se tornou fragmentado, desconectado da vida prática e repetitivo. A criança vive o presente e quer aprender e encontrar sentido no que estão fazendo AGORA...não em um possível amanhã. Para elas, só existe o agora. Todas essas suas ideias adultas de mundo e de futuro encontram pouca correspondência em relação ao mundo delas. Você poderia dizer: "No futuro esse aprendizado fará mais sentido". Mas é preciso mostrar que ainda hoje pode ter muito significado.
Não se esqueça da sua infância... Não se esqueça da sensação que tinha quando despertava de manhã e olhava pela janela todas a possibilidades que estariam disponíveis para você naquele dia. Os dias eram longos e você não queria perder nem um minuto. O aprendizado das escolas devia explorar mais isso... Essa curiosidade e essa vontade de explorar o mundo que as crianças têm naturalmente. O mundo não é dividido em áreas de conhecimento. Isso só existe nas profissões, no trabalho e na vida acadêmica. Os conhecimentos são todos interconectados e todos podem ser relacionados com a vida prática e com o universo infantil.
Se você buscar dentro de você como é ser uma criança, você saberá a medida certa de um sermão, por exemplo. Uma criança se sente segura quando alguém a orienta e chama a atenção quando ela não cumpre uma palavra... A criança sabe o que é justo e o que não é. Mas se o seu sermão extrapola, ela também sente com clareza. Ela sente quando você está estressado, fora de si, inquieto e nervoso. Ela sente quando você não está sendo justo. Ela sente quando você está perdido em suas preocupações... Porque ela vive no agora muito mais do que você. Você se habitou a enxergar o mundo a partir dos conceitos que você acumulou sobre tudo, a partir das preocupações e projeções de futuro que você faz. Elas não, estão aqui e agora experimentando tudo. Às vezes subestimamos a capacidade crítica delas... a capacidade de entender o que dizemos em uma boa conversa com elas, justamente porque nos esquecemos de como é ser uma criança.
Se quiser construir uma boa educação, se quer ser capaz de amparar, orientar e ensinar da melhor forma possível, é preciso não perder de vista a criança que você foi... É preciso aproveitar e aprender a aproveitar toda essa vontade delas de aprender, conhecer e experimentar o mundo. Caso contrário, você será pra elas apenas mais um adulto rabugento e preocupado e a escola será uma prisão, ao invpes de uma oportunidade de adquirir novos saberes que permitam a elas experimentar a vida com maior clareza e explorar o mundo com mais profundidade...